Coluna
Barba, cabelo e bigode

por Ronnedy Paiva

Refletindo sobre a masculinidade: qual o nosso papel na luta por igualdade de gênero

Desde cedo, aprendi que não devemos começar um texto com uma pergunta (não sei ao certo onde aprendi isso). Talvez seja por isso que estou hesitante em fazê-lo agora, ou talvez para não ter que me deparar com a própria pergunta. No entanto, coragem, vamos encarar o desafio, caro leitor: como os conceitos atuais de masculinidade afetam as mulheres e como podemos ajudar a mudar essa realidade? 


Para começar, é crucial compreender que as mulheres enfrentam uma luta constante em várias esferas da sociedade, começando pelo ambiente doméstico. A divisão de papéis domésticos, por exemplo, acaba desfavorecendo a mulher. Desde a infância, espera-se dos homens uma contribuição mínima, como manter o quarto arrumado ou, no máximo, não atrapalhar quem está limpando, enquanto às mulheres é imposto que se dê conta de todo o ambiente familiar (lavar, passar, cozinhar…). Essa disparidade se estende ao casamento, onde as mulheres são frequentemente responsáveis pela casa, marido e filhos, enquanto o homem é visto como o provedor. 


No ambiente organizacional, o problema não é muito diferente quando se trata de papéis de gênero. Existe, infelizmente, uma ideia de que o homem é superior a mulher nas questões trabalhistas, o que acaba trazendo uma desvalorização ao trabalho feminino. Ou seja, menos oportunidades e menos ganhos. Basta observar a discrepância nas premiações dos campeonatos masculino e feminino de futebol – uma diferença absurda que muitas vezes é justificada pela alegada disparidade no alcance dos dois públicos. No entanto, aqui reside outro problema, pois o público majoritariamente masculino muitas vezes menospreza o futebol feminino, como se elas não pudessem estar em campo.


Além dos exemplos citados, há muitos outros pontos que poderíamos destacar nesse texto. Entretanto, é necessário pensar na segunda parte da pergunta: como podemos contribuir para mudar essa realidade? Em primeiro lugar, devemos reconhecer a necessidade dessa luta, nos questionando a todo momento se não estamos fazendo o oposto, atrapalhando. Em seguida, devemos refletir sobre os nossos próprios comportamentos, a fim de não perpetuar a desigualdade vigente. Devemos também combatendo os comportamentos e pensamentos machistas dos outros, além de apoiar as mulheres em suas lutas diárias. 


 Em resumo, essas são apenas algumas das atitudes que podemos adotar para contribuir com essa luta. É importante lembrar que, embora esse tema seja especialmente relevante durante o mês da mulher, a igualdade de gênero é uma questão fundamental que deve ser enfrentada todos os dias. E, para concluir, permito-me fazer outra pergunta, encerrando como comecei, mas sem rodeios: o seu apoio à igualdade de gênero fará diminuir sua masculinidade?

Ronnedy Paiva é psicólogo, especialista em Psicologia Existencial, Humanista e Fenomenológica e Pós-graduando em Logoterapia e Análise Existencial. Natural de Londrina-PR, gosta de futebol, livros, estudos, conversas e comida boa! Escreve sobre existência e masculinidade, acreditando que o diálogo pode transformar as relações existentes consigo, com o outro e com o mundo. @ronnedypaiva

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