Coluna
Conexões sociais

por Arthur Arruda

Permita-se desconectar: uma boa conversa te espera

“Não temos Wi-fi, conversem entre vocês”.

Talvez você já tenha visto em algum estabelecimento comercial – restaurante, café, bar – alguma placa, geralmente rabiscada com giz de lousa, sinalizando que o ambiente não dispõe de uma rede wireless, ao mesmo tempo em que convida os seus frequentadores a conversarem entre si. Essa sinalização, por mais simples que pareça, carrega uma mensagem potente e plausível, por ir na contramão de uma sociedade que demanda que as pessoas estejam cada vez mais inseridas no ciberespaço, ou em outras palavras, que utilizem o universo das redes digitais como mediadoras das relações humanas, e nos convida a não esquecermos da coisa mais importante em toda relação humana, a conversa.

 

É sabido que, parte significante da nossa vida, no mundo atual, tem sido regida através das conexões em redes sociais. Essas, tem possibilitado a criação de novas formas de comunicação, capazes de integrar os seus usuários entre si e com o mundo, acessar e compartilhar informações de modo instantâneo e oferecer uma gama de canais de entretenimento. De modo que, tem modificado a forma como nos relacionamos com os outros e com o mundo.

 

É inegável, portanto, que as redes sociais apresentam vantagens que facilitam a nossa vida, mas por outro lado, também apresentam alguns dilemas e perigos. Estamos experienciando o surgimento de pessoas dependentes da hiperconexão, obsessivas pelas redes e que temem a desconexão.

 

Em nosso cotidiano, é cada vez mais comum encontrarmos pessoas que passam mais tempo interagindo com seus aparelhos do que trocando palavras, que não soltam o celular da mão, como se esse fosse uma extensão de seu corpo, ou que o checam de minuto em minuto. Diante disso, cabe, avaliarmos que tipo de relação temos estabelecido com o mundo virtual e de que modo estamos sendo afetados.

 

A utilização em excesso das novas tecnologias de informação tem afastado as pessoas do diálogo, reprimido habilidades sociais, sobrecarregado a mente humana e reduzido a vida a pequenos aparelhos e seus aplicativos ligados a internet. Ainda frequentam-se os lugares, mas quase não há conversa. A Wi-fi, tem castrado a palavra, e com isso, a capacidade de escutar. Todavia, vale ressaltar que o ser humano possui a liberdade de tomar uma atitude frente a qualquer circunstância que se encontre.

 

E, embora a velocidade de reprodução e ampliação do mundo digital exija cada vez mais uma dependência da hiperconexão, é você quem decide por desconectar-se.

 

Permita-se desconectar.

Arthur Arruda é psicólogo pela UEPB tem interesse e experiência nos seguintes temas: psicologia clínica, social, social comunitária, saúde mental. É nômade digital, apaixonado por futebol e amante da MPB. @arthurmarcell_

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