Nos últimos anos, a sociedade despertou para questões importantes, como, por exemplo, ter um dia ativo, fazer diferentes atividades, e aproveitar o máximo de horas possíveis. A consequência disso, foi a evidência de uma palavra que dificilmente era associada a comportamentos humanos: produtividade.
Mas, afinal, o que é ser produtivo? E, o principal: qual a finalidade que a produtividade possui em nossas vidas?
Essas são perguntas que faço frequentemente aos meus pacientes, e até mesmo para mim, quando decido avaliar quem fui no meu dia. Considerando que a produtividade seria algo ligado à execução de tarefas, de pequena e longa duração, ela deve ser vista no contexto de trabalho, não unicamente no contexto profissional. Por que digo isso? Porque percebo a associação da ideia de produtividade a entregar metas, resultados e feitos profissionais, quando, na verdade, a produtividade deve englobar trabalhos que temos em todas as áreas de nossas vidas: família, cuidado físico, psicológico, espiritual, caridade, relacionamentos, etc.
Produzir é prazeroso porque nos tornamos úteis, e, consequentemente, é uma forma de encontrar sentido em nossas vidas. Porém, a produtividade não dura para sempre. Enquanto seres humanos, temos nossas limitações, seja por nascença, ocorridos, envelhecimento ou, simplesmente, cansaço. E diante deste destino, será que a vida perde o sentido, por não produzirmos da forma que julgamos necessário? É preciso estarmos atentos para não buscarmos a produtividade de máquinas, enquanto somos seres humanos.
O trabalho dá sentido à vida, não pela sua execução, produtividade, mas pelo resultado que você deixou com seus feitos. O que você faz de forma intencional, presente e com dedicação, ressoa na vida de pessoas próximas, e até mesmo, de quem você sequer irá conhecer. Se pensarmos em ensinamentos e valores que você transmite, seu trabalho ainda durará por gerações.
Se hoje o trabalho profissional é um facilitador para que sua vida seja abundante em sentido, felicidade e outros sentimentos bons, e você tem receio de que esta sensação chegue ao fim, devido ao percurso da vida, saiba que existem diferentes maneiras de exercer um trabalho que não seja profissional esperando serem descobertos por você. Complementando, te convido a refletir sobre como andam os trabalhos nas outras áreas de sua vida, e como você tem se dedicado a eles, principalmente, em avaliar o impacto que eles geram na vida de outras pessoas.
A máquina não tem sentido, tem funções específicas, e durabilidade demarcada. Você, como ser humano, o sentido da sua vida não acabará com o fim trabalho, assim como sua vida não acabará, quando você fizer um trabalho significativo, que gere um legado. No fim, a relação entre vida humana e trabalho não está prioritariamente na produtividade, mas na intencionalidade, propósito e transformação pessoal e social.
Flávia Costa é psicóloga clínica, logoterapeuta em formação e mentora de carreiras. Natural do Rio de Janeiro, tem como missão disseminar a aplicabilidade da Psicologia no dia a dia. @flaviacpsi