Coluna
Trabalho em si e por si

por Flávia Costa

Além da meta, o que o seu trabalho atinge?

A cada dia, semana, quinzena ou mês, criamos ou atendemos objetivos com nossos trabalhos. Frequentemente, ligados as nossas finanças, manutenção da família, ou projetos pessoais. O trabalho é um facilitador de realização, e isso é inegável. Ele cria possibilidades, acessibilidade, e, em muitos casos, sentido para a vida das pessoas, em um contexto pessoal. Mas, será que o trabalho se restringe a um bem individual?

 

Ao longo do desenvolvimento da tecnologia e mudanças de mercado, novas profissões e trabalhos que exigem atuação humana, surgem e extinguem-se na mesma proporção, e isso traz facilidades em muitos quesitos. Seja ao acelerar atendimentos ou poupar recursos financeiros, no entanto, quem nunca sentiu falta de estar diante de uma pessoa para resolver uma burocracia, ao invés de um robô programado?

 

Quem nunca sentiu falta de ter um serviço ou produto personalizado considerando suas características pessoais e desejos, ao invés de meras replicações? Quem nunca se sentiu salvo por alguém que te prestou um serviço? Nessas mudanças que percebemos que, em maioria, o trabalho não finaliza quando quem o produz se realiza, apenas começa quando quem consome, tem uma necessidade atendida. O trabalho é uma ferramenta de necessidade humana.

 

Ao trabalharmos, influenciamos diretamente a economia, mercado, como também criamos espaços de troca, conexão e novas realidades. A magnitude do que nos propomos a fazer como profissionais é tão grande, que talvez nunca iremos conhecer a todos que pudemos tocar a vida, mesmo que indiretamente.

 

O legado de um trabalho pode durar séculos, e mesmo que não se tenha conhecimento da personalidade por trás da obra, ela ainda está apta para servir a uma comunidade e sociedade.

Deixando claro, a obra de um trabalho não precisa necessariamente ser extraordinária para ter o seu valor. É difícil acreditar, mas o ser humano tem desejos simples, principalmente aqueles ligados ao afeto e segurança emocional. Na menor possibilidade de servir alguém com prontidão, atenção e gentileza, o trabalho já entrega uma obra de humanização, e não precisamos olhar tão distante para perceber que isto anda em falta nos dias de hoje. Se olhamos e percebemos, bem, já temos um chamado para ação.

 

A coluna de hoje é para te relembrar que a cada meta que você precisa cumprir, uma realidade é tocada. Seja de quem precisa competir com você para atingir este resultado, ou para pessoa da ponta que irá usufruir indiretamente do seu esforço, como aquela que desfruta da acessibilidade da sua remuneração.

 

Os números poderão te causar ansiedade, assim como as necessidades e responsabilidades que te cobram, mas não deixe que isso apague o que te motiva a seguir nesse caminho todos os dias, como também, te faça se achar impotente diante das dificuldades. Na menor atividade que te é destinada, é um chamado para contribuição, e construção de um feito maior do que você mesmo. O seu trabalho não é robotizado, quando você encontra sua capacidade de exercer humanidade.

 

Desejo, para cada um de nós, muitos ganhos, como também, mais oportunidade de servirmos uns aos outros.

Flávia Costa é psicóloga clínica, logoterapeuta em formação e mentora de carreiras. Natural do Rio de Janeiro, tem como missão disseminar a aplicabilidade da Psicologia no dia a dia. @flaviacpsi

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