Em meio a uma rotina que se foca cada vez mais na produtividade, é fácil pensar que a arte, com sua subjetividade e beleza, não tem muito a ver com o trabalho cotidiano. No entanto, essa visão é restritiva. A arte, longe de ser privilégio apenas de quem trabalha com ela, tem um papel fundamental no desenvolvimento da nossa percepção e habilidades no dia a dia profissional. Ela nos ensina a olhar com mais sensibilidade, a ser mais atentos ao presente, a lidar com nossas emoções e, muitas vezes, a dar mais sentido ao que fazemos.

Ao integrar formas de arte no cotidiano de trabalho, não estamos falando de transformar cada reunião ou tarefa em uma obra de arte, mas de buscar maneiras de perceber o trabalho com mais atenção e conexão. Isso inclui reconhecer que o trabalho, por mais técnico que seja, também pode ser uma forma de expressão. Seja no modo como nos comunicamos, na organização das nossas tarefas ou na maneira como enfrentamos desafios, podemos trazer elementos da arte que nos conectem com um propósito maior.

As práticas artísticas têm um impacto real em várias dimensões do nosso ser. Estudo após estudo mostra que a arte ativa diferentes áreas do cérebro, ajudando a melhorar a memória, aumentar a concentração e até mesmo reduzir o estresse. Mais importante, ela contribui desenvolvendo nossa inteligência emocional e a capacidade de perceber o mundo ao nosso redor. Quando fazemos arte, ou até quando a contemplamos, estamos exercitando nossa sensibilidade, nos tornando mais empáticos e atentos ao que acontece em nossa vida e ao nosso redor. Isso, inevitavelmente, reflete no modo como nos relacionamos no ambiente de trabalho.
Como, na prática, incorporar essa sensibilidade no trabalho? Te deixo algumas dicas rotineiras:

 
1. Faça pausas para observar: A arte nos ensina a desacelerar e prestar atenção aos detalhes. Tire alguns minutos durante o dia para observar algo simples ao seu redor, a forma como a luz incide sobre um objeto ou a maneira como uma conversa flui. Isso ajuda a trazer mais atenção para o que realmente importa.

2. Transforme o ordinário em criativo: Muitas vezes, a rotina nos faz passar por tarefas de forma automática. Tente resgatar um olhar mais criativo para o que você faz. Isso pode ser tão simples quanto pensar em uma maneira diferente de apresentar um relatório ou buscar uma solução inovadora para um desafio. Tratar seu trabalho como uma forma de expressão pode trazer mais satisfação e clareza.

3. Escute e sinta: Música, literatura e outras formas de arte podem ser ferramentas poderosas para nos conectar com o que sentimos. Ouvir uma música com uma letra que ressoe com você ou ler um poema que fale sobre emoções pode ajudar a entender e lidar com os sentimentos que surgem no dia a dia profissional. Não se trata de se distrair, mas de usar a arte para processar o que está acontecendo internamente.

4. Pratique a atenção plena: A arte nos ensina a perceber o presente de forma mais intensa. A prática de estar mais atento ao momento pode ser uma forma de conectar o trabalho à arte. Isso inclui praticar a escuta ativa, o foco na tarefa e a observação do impacto das nossas ações no ambiente ao nosso redor.

5. Invista na criação do seu imaginário: A arte também nos ajuda a expandir nossos horizontes. Ao ouvir músicas com letras significativas, ler literatura ou simplesmente observar a natureza, estamos treinando nossa capacidade de imaginar e criar novos significados. Esse imaginário, por mais simples que seja, nos dá novas perspectivas e nos ajuda a olhar para o nosso trabalho de uma maneira diferente, mais conectada com o que queremos alcançar.

Trabalhar com arte não significa transformar cada ação em uma performance, mas trazê-la para o cotidiano como uma forma de estar mais presente, mais conectado e mais consciente de quem somos no trabalho. Ao integrar a arte no dia a dia, podemos tornar nosso trabalho mais significativo, não apenas para nós, mas também para aqueles com quem nos relacionamos profissionalmente. Em suas várias formas, nos oferece não só beleza, mas também formas de nos conectar mais profundamente com o trabalho que fazemos, tornando-o mais intencional e, em última instância, mais humano.
Sejamos, todos, um pouco próximo dos artistas.