É interessante perceber como o homem é constantemente atravessado pela arte, impactado por ela e, em certa medida, capacitado a ser o seu criador. Isso não se deve exclusivamente aos objetos de arte tradicionalmente conhecidos, como pintura, escultura, música, literatura e outras formas expostas em museus e centros culturais, mas também à arte que se encontra no dia a dia, na vivência do homem com o
mundo.
Mas sejamos sinceros, será que o homem, em toda a sua virilidade, se envolve realmente com a arte a ponto de ser tocado, emocionando-se e permitindo que lágrimas rolem por seu rosto, ou de fazê-lo aplaudir artistas, gritando seus nomes a plenos pulmões?
Talvez seja difícil de imaginar essa cena se olharmos a arte como algo fixo, ou, como os objetos tradicionalmente conhecidos, como já citados. Vale destacar que a palavra ‘arte’ vem do latim e está relacionada à ‘habilidade’, ‘técnica’, ‘ofício’ ou ‘capacidade de criar’. Essa raiz latina traz a ideia de fazer algo com destreza e engenho, envolvendo tanto o saber fazer quanto a sua criatividade. A arte envolve movimento, entrega e paixão – qualidades que também podemos observar em diversas práticas do cotidiano, como no futebol, corrida e na luta, por exemplo.
Não é raro ouvir, em uma narração esportiva, por exemplo, que determinada jogada ou movimento é uma obra de arte, um espetáculo que envolve drama e emoção. Jogadas ensaiadas, em que cada pessoa desempenha uma função quase milimétrica, ou enredos que os melhores escritores não seriam capazes de criar, compõem a arte do esporte, em todas as suas modalidades. Uma arte que envolve paixão, entrega, fascínio e impacto, capaz de derramar, sim, lágrimas dos mais viris e explodir no som dos aplausos dos mais brutos.
Talvez você se lembre de jogos marcantes, que, de algum modo, mudaram sua percepção de realidade pela beleza que os seus olhos contemplaram.
Por isso, novamente, sim, o homem é impactado pela arte! A arte contemplada no mundo o impacta, como também a arte da beleza de uma pintura também o pode tocar, mas que, muitas vezes, não compõe o rol de experiências que esse homem costuma aproveitar.
A arte traz um sentido, seja ela no museu, no estádio, na pista de corrida, ringue ou na própria natureza. Aquilo que Frankl chamou de valor de experiência toca e continuará tocando o homem enquanto ele entender que viver também é uma arte.
Ronnedy Paiva é psicólogo, especialista em Psicologia Existencial, Humanista e Fenomenológica e Pós-graduando em Logoterapia e Análise Existencial. Natural de Londrina-PR, gosta de futebol, livros, estudos, conversas e comida boa! Escreve sobre existência e masculinidade, acreditando que o diálogo pode transformar as relações existentes consigo, com o outro e com o mundo. @ronnedypaiva