Frequentemente, observamos que os homens enfrentam intensas pressões sociais, seja no contexto emocional, profissional ou diante das transformações globais, como na redefinição dos papéis de gênero. Essas pressões e mudanças acabam contribuindo para uma desorientação em relação a própria masculinidade, identidade e sentido da vida, contribuindo ainda para uma suscetibilidade a comportamentos estereotipados. Mas, como percebemos isso no dia a dia?
Ao analisarmos os filmes, por exemplo, observamos os homens desempenhando papéis de pessoas bem-sucedidas, emocionalmente estáveis e com aparência física de um deus grego esculpido na academia, e que, geralmente, não são representados limpando a casa, cuidando dos filhos ou enfrentando as dinâmicas familiares contemporâneas, onde as mulheres estão mais presentes no mercado de trabalho, ganham mais e não são submissas como em outrora. Não, esses personagens estão em combate, lidando com desafios gigantescos e que só dependem deles para serem resolvidos. Dinheiro e mulheres não são problema. Essa narrativa, presente em grande parte dos filmes, contribui para a construção de um ideal de masculinidade a ser imitada ou aprimorado. Ao passo que, em outros filmes, onde o homem é representado de forma contrária a esse ideal, geralmente, percebemo-lo como fracassado ou folgado, símbolo de uma chacota social que precisa de uma mudança de vida.
Como outro exemplo, ao olharmos os nossos antepassados, notamos que, em uma época em que as mulheres cuidavam do lar e dos filhos, os homens assumiam predominantemente o papel de provedores. No entanto, com o advento da tecnologia e a evolução das relações sociais, esse panorama foi alterado, promovendo ganhos inestimáveis para a sociedade e para o bem comum. Contudo, precisamos observar que nesse novo cenário, os homens se veem em uma expectativa conflitante: serem masculinos, tais como nos filmes e como seus antepassados, ao mesmo tempo que devem ser sensíveis as mudanças sociais e as novas formas de ser homem. A pergunta que fica é: os homens foram preparados para desempenharem sua masculinidade de forma sadia diante de tais mudanças?
É importante salientar que o homem, de forma alguma, é um ser indefeso e coitado, porém, tais pressões sociais podem levá-lo a uma crise de identidade quando percebe que não consegue lidar com essas expectativas divergentes. É necessário trazer a luz a compreensão dessas novas exigências, buscando autenticidade em todos os aspectos, a fim de que uma crise de identidade não se transforme em conformismo ou totalitarismo. Com isso, quero dizer que, quando o homem não dispõe de uma tradição ou instinto claro para orientá-lo, seguir simplesmente o que outros fazem ou o que os outros determinam, pode ser devastador. Isso contribui para a perda de autenticidade e sentido na vida.
O homem contemporâneo precisa compreender os próprios valores, em vez de seguir as normas impostas, construindo assim uma masculinidade autêntica. Isso implica em explorando novas formas de significado e propósito em suas vidas. O homem contemporâneo deve assumir a liberdade e responsabilidade inerentes a sua humanidade, isso envolve enfrentar os desafios do tempo presente e questionar o que a vida espera dele neste momento.
Ronnedy Paiva é psicólogo, especialista em Psicologia Existencial, Humanista e Fenomenológica e Pós-graduando em Logoterapia e Análise Existencial. Natural de Londrina-PR, gosta de futebol, livros, estudos, conversas e comida boa! Escreve sobre existência e masculinidade, acreditando que o diálogo pode transformar as relações existentes consigo, com o outro e com o mundo. @ronnedypaiva