É oficial: retirei a última folhinha do calendário de 2023. O ano acabou e o famigerado “então é Natal, e o que você fez?” veio à tona como um botão automático, me pedindo pra avaliar o que passou. E nem foi num tom agressivo, como uma autocobrança que possivelmente também já deve ter acontecido com você. Foi porque dessa vez foquei no que foi possível ser feito, sem me apegar às faltas ou até situações que não estavam no meu controle. Fiz o que pude, como pude. Ah, também teve algo prático que ajudou.

O fato de retirar a última folhinha do calendário antigo e já colocar um novo no lugar, me reposicionou o pensamento: 365 novas possibilidades para este novo ano! Fitei a primeira folhinha ali, sendo inaugurada. O nome Janeiro me levou a refletir. O primeiro mês chegou e nos convida a pensar em nossa saúde e bem-estar mental. Como uma folha em branco prestes a receber uma nova história. Com esse pensamento, saí de casa animada para realizar os exames de saúde rotineiros e, no caminho, observei um grupo de pessoas vestidas de palhaço em frente a um hospital público. Me aproximei e confirmei uma hipótese: eram voluntários levando alegria ao ambiente hospitalar. Alguns jovens, adultos e idosos, todos diferentes e cumprindo o mesmo objetivo.

Perguntei a um deles: “O que faz o senhor querer estar aqui?”. Ele me respondeu: “Distribuo sorrisos e música pra quem sofre. Perdi minha família e sei o que é sofrer e poder contar com alguém.” Outro jovem falou: “Quero ser médico e estou aqui pra entender além da medicina”. Todos tinham suas motivações e dificuldades pessoais, mas me chamou a atenção o fato de disponibilizarem parte do seu tempo pra cuidar da vida de outros desconhecidos. Será que tinham tempo pra si? Ao longo da conversa percebi que sim.

Eles organizavam escalas para não sobrecarregar ninguém. Imediatamente pensei no calendário de cada um deles e no eles que planejaram pra esse ano. O que era pra ser só uma passagem durou a manhã inteira.

Me interessei pela causa. Lembrei de Frankl ao falar que a melhor forma de conseguir a realização pessoal é dedicarmo-nos a metas desinteressadas. Caiu a ficha de que isso também é cuidado com saúde. Meus exames foram feitos e cumpri essa meta com louvor.

Mas agora o chamado foi pra checar a saúde espiritual e praticar o exercício dos meus valores criativos, neste caso dedicando-me a um trabalho voluntário. Agora te convido a refletir: como anda sua saúde espiritual? Olha pro seu calendário e vê o que cabe nele. O ano está só começando e podemos fazer muito mais! Vamos lá?