É impressionante a quantidade de pacientes que buscam os serviços de psicoterapia queixando-se por estarem se sentindo infelizes, perdidas, frustradas e angustiadas com a realidade em que vivem, pois não encontram sentido na sua vida atual, seja no seu trabalho, naquilo que fazem ou no seu relacionamento. Algumas não tem trabalho e/ou não tem relacionamento, estão desempregadas e/ou sozinhos. Parte dessas pacientes relatam se sentir estagnadas, como se não conseguissem sair do lugar, percebendo a vida passar por elas sem conseguirem fazer nada ou se colocar em movimento. Diante disso, Lukas (2012, p. 8) adverte:
“(…) sem direção não podemos caminhar, nem mesmo na selva, onde necessitamos de uma bússola interior ou exterior. A pessoa desorientada movimenta-se no mesmo lugar ou anda em círculos”.
Lukas (2012, p.9) traz também uma pergunta que a humanidade se faz há muito tempo e que busca pela resposta sobre “a direção que queremos e devemos seguir em nossa vida”. Uma busca que, muitas vezes, parte de uma postura passiva, esperando que a própria vida ou sociedade possa responder a essa pergunta, lhe dando esse direcionamento. A respeito disto, Frankl (1985, p. 98) dirá que, na verdade, “a pessoa não deveria perguntar qual o sentido da sua vida, mas, antes, deve reconhecer que é ela que está sendo indagada”, neste caso a resposta a ser dada precisa vir através de uma ação, de um agir no mundo.
Identifica que o homem se dá conta da responsabilidade perante a sua vida, a partir da tomada de consciência daquilo pelo qual ele é atraído no mundo, na qual “a consciência da responsabilidade se desenvolve, sobretudo ao basear-se na consciência de uma tarefa concreta e pessoal, isto é, de uma ‘missão’” (1989, p.159). Neste sentido, nosso autor fala do caráter de missão da vida e entende que:
a esfera da sua consumação concreta costuma coincidir com o trabalho profissional. Em particular o trabalho pode representar o campo em que o “caráter de algo único” do indivíduo se relaciona com a comunidade, recebendo assim o seu sentido e o seu valor. (Frankl, 1989, p.160)
Diante disto, entendemos que o ser humano é responsável pela própria vida quando não se resigna, mas quando se faz protagonista da sua história, perante si mesmo e perante o outro.
É interessante como aparece no consultório um discurso que relata uma baixa autoestima, uma dificuldade em enxergar e reconhecer seu valor, acreditando que sua presença não faz diferença no mundo. Além da necessidade psicológica de se sentirem únicas e importantes enquanto pessoa nessa sociedade. Sobre isso, Guberman e Soto (2005) esclarecem que a autoestima que está relacionada ao amor próprio, surge a partir da tomada de consciência do nosso ser enquanto único e irrepetível no mundo, sendo o ponto de partida para nosso crescimento pessoal.
Frankl nos ajuda a compreender que “a explicada existência humana, como algo de único e irrepetível, encerra uma vocação (Appell, apelo, chamado) para realizar as suas possibilidades únicas que não se repetem” (1989, p. 92). É neste sentido que podemos entender que o caráter de unicidade do ser no mundo se configura a medida em que ele atende a esse chamado da sua existência e que somente ele pode responder a esse apelo da existência.
Priscila Vogt é psicóloga clínica especialista em Logoterapia. Natural de Curitiba/PR, atualmente reside em Florianópolis, é amante de praia, sol e natureza. Se apaixonou por ajudar mulheres a encontrarem seu lugar no mundo e resgatarem sua autoconfiança. Hoje atua no On Line, mas também tem consultório na Ilha da Magia. @psipriscillavogt