Coluna
Trabalho em si e por si

por Flávia Costa

Autenticidade: a liberdade que ainda não foi explorada pelas Soft Skills

 

Muito se fala sobre liberdade no trabalho, mas quase sempre associada ao financeiro: ganhar bem, poder viajar, não depender de um chefe. Mas e a liberdade de ser quem você realmente é? Será que seu único direito é o de pagar boletos, enquanto sua identidade fica sufocada entre e-mails e reuniões?

 

Ser autêntico não é um detalhe bonitinho para colocar no currículo—é uma estratégia de bem-estar profissional. Se adaptar ao ambiente é uma habilidade, mas se moldar a ponto de não se reconhecer é um risco. profissionais que atuam desalinhados com seus valores têm maior propensão ao esgotamento e menor satisfação na carreira. Porque autenticidade não é só sobre falar o que pensa, mas sobre se respeitar. E isso inclui reconhecer seus limites.

 

Ser autêntico não é agir sem filtros, mas entender até onde você pode ir sem comprometer sua saúde mental. Eu sei, nem sempre dá para escolher qualquer trabalho ou qualquer ambiente. Mas perceber quando um espaço exige um esforço constante para ser alguém que você não é já é um primeiro passo. Pequenos movimentos, como se posicionar em situações que importam e buscar conexões mais genuínas no trabalho, podem tornar essa autenticidade mais viável.

 

Quando você se permite ser autêntico, você também abre espaço para que os outros façam o mesmo. E isso transforma ambientes. Independente da sua posição, cultivar a autenticidade nos pequenos feitos do dia a dia criam espaços mais humanos, nos quais não é preciso escolher entre ser profissional e ser “pessoal”.

 

Um trabalho tem muito mais sentido quando você pode existir “por inteiro”, e não apenas cumprir funções. Para colocar em prática, deixo algumas orientações sobre vivenciar e influenciar a autenticidade no dia a dia profissional:

 

  • Conheça seus valores e limites. O que é inegociável para você? O que te faz sentir respeitado e realizado? Sem essa clareza, qualquer caminho parecerá aceitável. Entenda que existem diferentes formas de ser um bom profissional. O mercado adora vender um modelo único de sucesso: extrovertido, resiliente, multitarefa, sempre positivo. Mas será que não há espaço para outras formas de excelência?

 

  • Aprenda a se posicionar. Expressar-se de forma autêntica não significa falar tudo o que pensa sem critério, mas comunicar ideias e necessidades com clareza e respeito. 

 

  • Lembre-se de que autenticidade é um processo. Você não precisa ter tudo resolvido agora. Suas experiências vão moldar sua percepção sobre o que realmente importa.

 

A liberdade financeira importa, claro. Mas e a liberdade de ser quem você é, sem precisar deixar sua identidade do lado de fora do expediente?

Flávia Costa é psicóloga clínica, logoterapeuta em formação e mentora de carreiras. Natural do Rio de Janeiro, tem como missão disseminar a aplicabilidade da Psicologia no dia a dia. @flaviacpsi

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