Coluna
Barba, cabelo e bigode

por Ronnedy Paiva

A busca pela autenticidade (masculina) na música Numb do Linkin Park

A banda estadunidense Linkin Park marcou uma geração através de suas canções, sendo considerada uma das maiores bandas de rock do mundo, com mais de 30 milhões de cópias vendidas de um único disco (Hybrid Theory, 2000).

 

Entre tantas músicas de sucesso, destaco Numb (Meteora, 2003) para refletirmos sobre masculinidade e autenticidade, pois, certamente, essa canção foi a trilha sonora de muitos jovens e adolescentes nos anos 2000.

A música fala sobre as pressões externas para adequação e a difícil luta para superar as expectativas dos outros em busca da autenticidade.

 

“Estou cansado de ser o que você quer que eu seja / Me sentindo tão sem esperança, perdido sob a superfície / Não sei o que você está esperando de mim / Me pressionando para seguir os seus passos.”

 

Essa luta não é uma marca exclusiva da adolescência ou do início da vida adulta. O ser humano, ao longo da vida, se vê diante das expectativas dos outros, da massificação de comportamentos e da inibição da construção de uma identidade autêntica. Frente a tantos modelos de “ser”, os mais destacados são aqueles que facilmente são seguidos sem questionamentos. Esses modelos são amplamente difundidos, por exemplo, nas redes sociais, onde se definem padrões de como falar, vestir e pensar.

 

“(Pego pela correnteza, simplesmente pego pela correnteza) / Cada passo que eu dou é outro erro para você / (Pego pela correnteza, simplesmente pego pela correnteza)”

 

Não é fácil confrontar modelos de vida tão massificados. Ser considerado errado, talvez, seja uma tônica para aqueles que lutam por uma identidade autêntica, o que frequentemente leva a movimentos de posicionamento e resiliência.

 

“Eu me tornei tão entorpecido, não posso te sentir aí / Fiquei tão cansado, tão mais consciente / Estou me tornando isso, tudo o que eu quero fazer / É ser mais eu mesmo e ser menos como você.”

 

Ao refletirmos sobre masculinidade, percebemos que existem muitos modelos sobre o que significa ser “homem”. No entanto, a construção da masculinidade deve ser uma jornada pautada pela autenticidade, embasada nos valores pessoais e culturais. À medida que o homem se apropria de sua masculinidade autêntica – ou seja, do homem que ele deseja ser – mais livre ele se torna para viver de acordo com sua verdadeira essência.

 

“Você não consegue ver que está me sufocando? / Segurando forte demais, com medo de perder o controle / Porque tudo o que você pensou que eu poderia ser / Desmoronou bem na sua frente.”

 

Quais são as barreiras que você precisa derrubar para ser autenticamente você mesmo? Em um mundo cada vez mais moldado por padrões impostos, a verdadeira liberdade está na construção de uma identidade genuína, sem se submeter às expectativas alheias.

 

A busca pela autenticidade é um desafio diário, mas, como aponta a música Numb, ao nos libertarmos dessas pressões, podemos finalmente nos tornar quem realmente somos.

Ronnedy Paiva é psicólogo, especialista em Psicologia Existencial, Humanista e Fenomenológica e Pós-graduando em Logoterapia e Análise Existencial. Natural de Londrina-PR, gosta de futebol, livros, estudos, conversas e comida boa! Escreve sobre existência e masculinidade, acreditando que o diálogo pode transformar as relações existentes consigo, com o outro e com o mundo. @ronnedypaiva

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